Título: LUTA E PODER
Autoria de Aline Rodrigues Gomes
Pseudônimo: OLIRUM
Luta e poder
Uma mentira contada e cantada:
– Mulher é sexo frágil – recatada! –
É mesmo! É isso! Espera... Será?
Sobre a vida das mulheres,
há outra história pra contar...
Muito tempo há de se ter,
numa guerra que dura séculos,
sempre travaram grandes batalhas
Nunca se deixaram abater,
nem se contentaram com migalhas.
Foram queimadas, bruxas!
Sem voz, violentadas.
Sem se renderem ao medo,
com suas cabeças levantadas
conquistaram seus direitos.
Trabalhar fora ou ser do lar,
ter filhos, não ter, ou não se casar.
Tudo isso agora é opção
Pois muitas lutaram por um poder
E hoje podem... dizem: “Não”!
Não ao machismo, não à misoginia,
não à perseguição, não à objetificação...
Não é não! São mulheres, não vão perder!
Não se dobram, nem se consomem
São mulheres - o sexo forte! -, são poder.
Título: À MULHER
Autoria de Aline Rodrigues Gomes
Pseudônimo: OLIRUM
À Mulher
Ela: fruto de conquista
Por vezes mal quista, mal vista
Mas insiste, tenta, e atenta
Não desiste, enfrenta
Obstáculos de sobra,
Mas ela não se dobra.
É poder, é sonho, é dor
É encanto, é fruto do amor.
É dona de si e luta por todos
Compartilha seus dons
Assume seus gostos
Mostra sua cor
Sempre é mais
E sempre quer
Enfrenta, é capaz
É força: Mulher!
O GRITO DA ALMA
Autoria de Ana Letícia Lira Correia
Minha Alma Grita.
Me esquivo, respiro,
Enfrento!
Não, não mais!
Levanto a minha voz,
Liberto a Deusa fugaz.
Minha Alma Clama.
Refugio-me, suspiro,
Resisto!
Não, não mais!
Levanto a minha voz,
Coração que brilha,
Merece PAZ!
AUTORA: ANA LETÍCIA CORREIA
Breves relatos de ser (pseudônimo: Luz)
Mulher
Autoria de Renata de Melo Orlandi
Cápsula de vidas
Enfermeira
Professora
Mãe
Cozinheira
Cuidadora
No útero ou no coração gera vidas
Liga-se a quase todos que passam por ela
Tentando curar dores e mazelas
A querem santa
Pura
A querem puta
Desvirginada
Louca
Para serem as culpadas
E sãs,
Para serem as salvadoras de pátrias
Cercadas de tanta gente
Solicitadas por rótulos genéricos
Acreditam ser mérito ter tantos seguidores
Não percebem, porém
Que são lares passageiros
Dos momentos de fraqueza
Pontos de referência
Luzeiros
Doam muitas vezes a pouca luz que têm
E outras tantas apenas refletem a própria luz de quem as procura
Já que a sua foi há muito apagada
Mostram-se fortes porque foram assim ensinadas
Assim como o foram a expor também suas fraquezas
Todas elas!
Mas eles não escutam o que elas dizem
Eles apenas enxergam em todas nós a força de uma mãe
Acreditam que podemos vencer sozinhas
E por isso se sentem tão miúdos ao nosso lado
Suas vozes se levantam
Suas mãos nos golpeiam
Suas atitudes nos calam
Mas no fundo de seus olhos, (nos de alguns já no fundo do poço, em meio a toda lama)
Podemos perceber o medo e o respeito que guardam por nós
Nós os criamos!
Isso não nos faz culpadas de seus erros
Nós somos criadas por eles
Isso não os faz culpados de nossos erros
A mulher responsável pela terra, pelo plantio, pela comida garantida
O homem responsável pela caça, longe da família, arriscando-se na natureza selvagem, pela comida que poderia não vir
A força física não exigia mais do que músculos
A distância da família, as matas, não exigiam mais do que noção espacial e uma boa máscara para os sentimentos
A lida com a terra, os tempos de colheita, as crianças
A defesa da casa, o alimento na mesa
Exigiu músculos sim, mas muita empatia
Sentimentos sem máscaras para poder acessar e lidar com os sentimentos do outro
Tornamo-nos mais completas (humanamente falando)
Lidar com os sentimentos nos trouxe uma força que nenhum músculo pode nos fornecer
Fomos deixadas em casa, nos quartos parindo enquanto eles criaram as moedas e perceberam que poderiam criar
poderes aparentemente maiores do que os nossos
Não quiseram aprender com a gente, ser empáticos, criar comunidades igualitárias em direitos
O medo, a coragem e os músculos jogaram em seus organismos hormônios e sentimentos que os levaram a nos invejar
E os cegaram
Não perceberam que não poderiam gerar a vida, mas que metade dela dependia deles
E que depois de parida uma criança poderia ser cuidada por eles sem diferença nenhuma.
Nós nos forçamos a acreditar que amor de mãe é maior...
Não percebemos que ao invés de reforçar a mentira que eles preferiram acreditar
Apenas precisávamos reforçar que também precisamos deles
Que as diferenças não eram fraquezas do outro
Muito menos superpoderes nossos.
Elas são apenas as diferenças.
Aquilo que nos torna, a eles e a nós, seres sociáveis e dependentes
Uma pena!
Atitudes soltas aqui e ali nos trouxeram a tempos onde a mulher gera as vidas, mas não vale mais do que a ação mais
barata da bolsa
Onde suas lágrimas não lavam a terra, mas choram feridas abertas por eles
E choram também as vidas deles que são tiradas a cada segundo pela ganância trazida pelo poder
Nós não nos contaminamos, com o tempo, a ponto de perder a empatia
Fomos contaminadas por rótulos, por padrões que nos massacram
Muitas de nós escravizam outras tantas por dinheiro, por padrões
Mas em seus travesseiros caem também, talvez não com a mesma dor, as lágrimas da solidão de ser mulher
Um único ser,
Que carrega em si as dores de ser e as dores de ter
Ter um pedaço de sua vida andando em um mundo de guerras
Ter em seu coração a culpa de não poder ajudar os seus
Ter um corpo cheio de marcas
Ter uma mente cheia de padrões inatingíveis
Ter a culpa de não querer gerar
Ter a dor de não poder gerar
Não ter direitos básicos
Não ser livre nem de si mesma
Não poder andar
Não poder parar
Não poder
Não poder
Não poder
Sem poder
Sem poder sobre seu corpo
Suas decisões
Sua casa
Sua vida
Sem poder ser quem se quer
Pelo simples motivo de ser quem é
Mulher